O ex-jogador e ídolo argentino Diego Maradona já tem sua própria biografia temática sobre meios de comunicação, que abrange desde a estréia na TV, do menino que aos 11 anos sonhava com uma conquista na Copa do Mundo, até a bem-sucedida carreira como apresentador, que o colocou na liderança da audiência.
Em "Vivir en los medios", o jornalista argentino Leandro Zanoni mostrou o resultado de uma década de pesquisa minuciosa sobre o que Maradona disse ou disseram sobre ele em jornais, revistas, emissoras de rádio, canais de TV, livros e até filmes.
Na obra, mais de 50 jornalistas analisam "El Pibe". É apontado como "fenômeno midiático" e muitos lembram de "experiências próprias e brincadeiras" com o ex-jogador do Boca Juniors, do Barcelona e do Napoli, entre outros, o autor.
"Há testemunhos que surpreendem, como o de Gabriela Cociffi, uma jornalista que fez a entrevista na qual Diego confessou sua dependência às drogas, em 1995, e terminou chorando junto com ele, o que nunca foi publicado na notícia", relatou.
"Vivir en los medios" reflete a primeira aparição de Maradona na TV, em 1971. Na época, era um humilde menino nascido na periferia de Buenos Aires, e que foi apresentado em um popular programa de entretenimento como um "garoto malabarista".
Aquelas imagens em preto e branco, que com a passagem dos anos deram a volta ao mundo, foram acompanhadas por declarações nas quais Maradona dizia que sonhava em "jogar na seleção e ganhar uma Copa".
"Diego é o que é pelos meios de comunicação, apesar de sempre ter mantido uma relação complexa com a imprensa. Foi um pouco o precursor do que hoje fazem Ronaldo, Beckham ou Ronaldinho Gaúcho. Maradona abriu o caminho para eles", comentou Zanoni.
Segundo o jornalista, o fato de Maradona "ter crescido, como jogador, ao mesmo tempo que a televisão se expandia por todo o mundo não é uma casualidade, e aí está a chave para entender por que é uma das pessoas mais famosas do planeta".
O livro já está à venda tanto na Argentina como no Uruguai, e em breve será publicado em outros países, de acordo com o autor, que chegou a ter "um quarto cheio de caixas com vídeos, registros de áudio e publicações" sobre "Dieguito".
"O interessante foi comparar o que foi publicado com o que jornalistas me contaram em conversas informais. Assim, descobri que os que estão acostumados a fazer as perguntas tinham muitas respostas sobre Diego", reparou.
Pesquisa
Em seu levantamento, Zanoni avalia que "a imprensa espanhola foi muito hostil" com Maradona durante sua passagem pelo Barcelona, na década de 80, quando "os veículos o trataram como pão-duro porque o clube catalão tinha pago US$ 8 milhões por ele".
Também retrata como os veículos italianos "o mimaram", logo após ter deixado o Barça para defender o Napoli, "onde se transformou em rei e causou furor ao levar à glória um clube que até então nunca tinha conquistado um torneio nacional".
"O livro, além disso, retrata a ciclotimia que levou Diego a se apresentar nos meios de comunicação de todas as formas possíveis, que vão de aparições desastrosas pelas quais era duramente criticado até suas surpreendentes mudanças físicas e de ânimo", ressaltou.
Maradona pendurou as chuteiras em 1997. Depois, foi para Cuba para se tratar da dependência à cocaína e, após ter ficado à beira da morte, iniciou uma surpreendente recuperação.
No ano passado, e após ser submetido a uma operação para baixar dos 120 quilos até os 75 quilos, "El Pibe" estreou como apresentador no programa "La Noche del Diez". O show do astro argentino bateu recordes de audiência na televisão do país.
"Para mim, é impossível que Diego vá se apagando em vida e cada vez mais passe despercebido pelos meios de comunicação. Até a sua morte será midiática, e o paradoxo de sua vida talvez seja esse", avaliou Zanoni.